sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eu li e indico - Falcão Meninos do Tráfico


Falcão – Meninos do Tráfico mostra, sem meias verdades, a falta de perspectivas dos jovens que são seduzidos pelo crime. Não se trata de uma obra sensacionalista, pois o tema em si, já aguça a curiosidade daqueles que não vêem de perto essa realidade. O livro retrata cruamente em um relato humano e fiel, que não apenas choca, como clama por reflexão e ação. É necessário agir! Urgente! E é isso que MV Bill e Celso Athayde tentam passar a todo o momento ao leitor.
Em oito anos de gravações, 17 Falcões foram entrevistados em diversas partes do país, destes 16 morreram durante a execução do projeto que culminou no documentário e no livro.
Os autores em momento algum fizeram apologia ao crime, ou culparam alguém em especial, apenas tentaram mostrar de forma muito corajosa, o porquê da inserção de tantas pessoas num mundo ilusório.
Particularmente é a primeira vez que leio algo que se refere ao tema em questão tão verdadeiro e ao mesmo tempo óbvio. Existem as exceções sim mas, com tantos problemas sociais e indivíduos em situações de miserabilidade é fácil entender, não na visa cega e indiferente mas, com o olhar crítico, os anseios de quem ingressa neste caminho árduo.
Imagine um jovem, morador de uma favela. Dificilmente ele terá acesso à saneamento básico adequado, ensino que lhe dê condições de ingressar em uma universidade pública, alimentação essencial, entretenimento, enfim, ele será, salvo raras exceções, reflexo do ambiente em que vive.
Isso não é justificativa para quem opta pelo caminho do crime. Celso Athayde faz, em uma passagem do livro, uma observação interessante “todos os bandidos que conheci sempre foram muito carentes. Sempre se mostraram contra o crime e inconformados de viver daquela forma”…
Através dos relatos dos Falcões é fácil observar que são essas faltas de oportunidades, direitos de todo ser humano, que os levam a iniciar-se no tráfico de drogas poucos, entram apenas por gosto.
Esses 17 Falcões, na realidade, representam os milhares de necessitados que hoje estão num estado de total vulnerabilidade social.
Muito se discute sobre a existência de um poder paralelo. Porém, fica evidente, e um exemplo são as ondas de ataques do PCC, que não se trata de algo meramente amador. Esses grupos exercem uma influência muito significativa dentro das periferias, que são os locais onde há ausência quase total do Estado. É possível observar que a hierarquia e administração funcionam como qualquer outra empresa. O poder paralelo emprega, auxilia e cuida da questão social. Percebe-se claramente que enquanto o Estado não intervir com ações de resultado rápido, este poder tende a ganhar cada vez mais força.
É válido afirmar que nem todos os moradores de favelas sobrevivem do tráfico ou se associam pela identificação ou benefícios que ele promove. Muitas são forçados pois, é a lei que impera lá. Ou você acoberta e apóia ou, sofrerá represálias.
Falcão – Meninos do Tráfico é um grito de alerta da sociedade. É um pedido urgente de socorro. É chegado o momento de sairmos da inércia para combater esse mal.
A sociedade civil deve descruzar os braços, parar de fingir que isso não existe apenas porque não os afeta de forma direta. A recuperação pode surgir da união da sociedade, ONGs e do estado, o qual devemos cobrar uma postura séria, urgente e necessária no que diz respeito à uma política de recuperação das regiões mais afetadas por essa vergonha.

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