Como todo artista ele viveu várias experiências boas e ruins e hoje aos 59 anos, transmite tranqüilidade e um desejo enorme de preservar sua liberdade. Trabalha em um espaço restrito cedido por um estabelecimento comercial. É no cantinho da calçada, de uma farmácia próximo a estação Saúde do metrô, que expõe suas belas obras. “Muitas pessoas me perguntam por que não fico em um ateliê. Gosto de estar na rua para ter um contato mais direto com o povo. Infelizmente vivemos em um país onde a arte não é muito reconhecida. E aí somos empurrados de um canto para outro” declara. E complementa “No momento a drogaria ofereceu esse espaço que ocupo, amanhã não sei onde estarei. Mas, sempre procuro um lugar na rua, um ponto para não incomodar. Essa palavra é muito triste para o artista porque o artista não deveria incomodar nunca” salienta. Em meio a barulhos excessivos, provenientes do fluxo de veículos da avenida e abordagem de diversos clientes e apreciadores, Ereio demonstra um poder de concentração surpreendente. É sentado no banquinho, com folga apenas aos domingos, que desenha 30 encomendas que recebe mensalmente. Para complementar a renda familiar, além de cumprir uma carga horária de 8 horas diárias estipuladas por ele, no período noturno dá aulas de desenhos para alunos que ele mesmo faz questão de selecionar. “Você tem que saber desenhar. Não dá para aprender. O que ensino são técnicas para quem já tem o dom. Não quero enganar as pessoas e nem ganhar dinheiro fácil” complementa. Cada retrato leva em média 5 horas para ficar pronto e o valor da obra varia de R$ 40,00 a R$ 50,00. É um trabalho que requer habilidade e Ereio é exigente na elaboração. Ele faz o esboço do desenho, e faz isso apenas uma vez, prestando atenção para não errar e utilizar a borracha o mínimo possível para não ter que retocar, e não deixar marcas no papel. Ao se aproximar do espaço físico é possível avistar uma cortiça onde ficam expostos retratos da dupla Sandy e Júnior, Juliana Paes Leme, Ayrton Senna, Antonio Fagundes e Marcelo Antony. Todos com uma extrema perfeição, que até os detalhes que passam despercebidos por nós, aos olhos do artista são ressaltados, pois, isso caracteriza as particularidades que nos diferenciam uns dos outros. O mais surpreendente são as nuances de cores que ele faz com a grafite. Sombreamentos suaves indo para o mais forte para, por exemplo, conseguir chegar a um tom de cabelo branco. E essa mesma técnica é utilizada para o cabelo loiro, os olhos verdes, azuis e castanhos. “Tenho que passar essa mensagem com um único instrumento, a grafite”. Ereio diz que geralmente retratos de pessoas idosas são os mais complicados pela quantidade de marcas de expressão. Eles não querem e não aceitam a quantidade de rugas que têm. A maioria acha difícil assumir os sinais que o tempo deixa no rosto. O que marca mesmo um retrato é o olhar e os dentes. Se ela tiver uma falha em cada dente, isso tem que ser mostrado. São detalhes que dão veracidade ao retrato. Apesar de estampar vários rostos confessa que nunca se auto-retratou e não tem vontade de deixar sua imagem registrada. Com alma de artista, mãos de mágico, e a simplicidade que se reflete na fé de um verdadeiro devoto Ereio declara “creio muito em Deus e hoje faço um trabalho muito bom. É ele que me dá essa força e essa luz”.
Obs: Escrevi essa matéria, na época que trabalhei no Jornal Gazeta de Interlagos.
Uma honra participar e poder colaborar com seu trabalho! O blog dá uma geral legal em cada rprofissão abordando prós e contras de forma inteligente!
ResponderExcluirSou Michael Rogers. Vivo no USA. Ha muitos anos estou tentando ter contacto com meu amigo de juventude, Jose Ereio. Seria possivel pedir-lhe me contactar no email: pilgrimmike@gmail.com? Agradeco muito. Mike Rogers
ResponderExcluircomo encontrar o sr que desenha retratos no bairro da saude em frente a farmacia ultrafarma?
ResponderExcluirGostaria de ter o contato dosrjose ereio retratista
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