domingo, 9 de agosto de 2009

Profissão Inusitada - Piloto de Avião

O lado humano daqueles que estão à frente dessa atividade

Eles exercem diversos tipos de fascínios. Administram uma máquina complexa que exige preparo técnico, disciplina e extrema dedicação. Um campo competitivo onde voar pode ser privilégio de poucos. Sonhar não é suficiente. Tem que demonstrar maestria no comando da cabine. São eles os ‘heróis’ do espaço aéreo que fazem da aviação um dos setores que mais contribuem para a economia mundial.
Fernando C.A. Tenório de Carvalho, 26 anos, co-piloto há oito, trabalha em uma empresa de Táxi Aéreo (aeronaves particulares ou fretados) e faz uma média de 20 a 50 horas de vôos mensais. Diferente da aviação comercial sua escala não é definida. ”No mês tenho oito folgas e no restante dos dias fico de sobreaviso. A coordenação me liga e avisa que daqui à uma hora vou decolar. A natureza do negócio é assim mas, é quase um sacerdócio” declara. Por mais experiente e especializado, além, dos cursos e horas de vôos obrigatórios, Fernando, apesar de jovem, é formado também em Ciências Aeronáuticas, não o impede de pensar em cada detalhe que antecede a decolagem.
Ele explica que a rotina é previsível o vôo não. Tudo é imprevisível e tem que ser encarado como complexo. O piloto é obrigado profissionalmente a confirmar se os aeroportos que estão na sua rota vão operar normalmente, no caso de um pouso de emergência, consultar a metereologia, pois, através das nuvens no céu é possível identificar frentes frias e temporais, enfim, checar as alternativas para aumentar a segurança do vôo.
O momento predileto é o pouso. Mas, ao contrário, do que muitos pensam a decolagem gera mais tensão. É mais delicado porque o avião precisa percorrer a pista em alta velocidade. Se surgir algum problema na máquina a intervenção tem que ser rápida e em solo.
A profissão é insalubre. Rotinas desgastantes, sem horários fixos para alimentação, com mudanças climáticas diversas e riscos de acidentes aéreos. De acordo com a reportagem publicada na Revista Aero Magazine, até setembro deste ano, foram registrados 809 óbitos com quedas de aviões no mundo inteiro. Se comparado com os acidentes de trânsito diariamente morrem 82 pessoas e 958 ficam feridas o que corresponde a 34 mil fatalidades por ano. Conclui-se então que as aeronaves continuam sendo um dos meios de transportes mais eficientes e seguros, apesar, das quedas serem geralmente fatais. “É saudável você ter medo, receio, dar valor e gostar da vida. Voar sempre em prol da segurança e isso é uma filosofia de todo piloto. Os riscos na rua são maiores do que no avião. A máquina não tem mistério, mas, mata também se você não tomar cuidado. Você tem que racionalizar e saber que a morte, às vezes, pode estar do seu lado e você vai ter que agir para tirar ela dali” comenta.
Tenório não pensa em se aposentar tão cedo. Nem cogita essa possibilidade, pois, é realizado e ama sua profissão. Diz ainda que vai parar de voar somente quando seu corpo não agüentar mais.

Obs: Escrevi essa matéria, na época que trabalhei no Jornal Gazeta de Interlagos.

Um comentário:

  1. Apesar do trânsito nas ruas ser mais perigoso que o nos céus, eu ainda prefiro andar de carro. Não chego a ter medo de avião, até gosto de voar, mas ainda prefiro locomoção via terrestre.

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