terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tenho medo de escrever...é tão perigoso!

Não li o livro, já adianto, apenas vi a postagem no Face de um amigo e achei surpreendente. 
Por acaso, ou sem acaso talvez, o mesmo tema rondou meus pensamentos ontem, antes de dormir.
Peguei o caderno e arrisquei uma combinação de palavras. Tudo em vão, sem nexo, totalmente desconexo. Não consegui finalizar a sequência que na minha mente era tão óbvia. O bloqueio neste caso, é mais um mecanismo de defesa que o cérebro encontra para não adentrar os recônditos da alma.
Quem escreve se despi de conceitos, preconceitos e fica a mercê de julgamentos.
Diria que é a forma mais sublime e ordinária de se expor.
Se uma palavra basta para causar destruição emocional, que dirá de uma frase ou texto.
Escrever requer muita coragem!

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio extremamente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras - quais? Talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no fundo do poço".

in Um Sopro de Vida
Clarice Lispector