terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tenho medo de escrever...é tão perigoso!

Não li o livro, já adianto, apenas vi a postagem no Face de um amigo e achei surpreendente. 
Por acaso, ou sem acaso talvez, o mesmo tema rondou meus pensamentos ontem, antes de dormir.
Peguei o caderno e arrisquei uma combinação de palavras. Tudo em vão, sem nexo, totalmente desconexo. Não consegui finalizar a sequência que na minha mente era tão óbvia. O bloqueio neste caso, é mais um mecanismo de defesa que o cérebro encontra para não adentrar os recônditos da alma.
Quem escreve se despi de conceitos, preconceitos e fica a mercê de julgamentos.
Diria que é a forma mais sublime e ordinária de se expor.
Se uma palavra basta para causar destruição emocional, que dirá de uma frase ou texto.
Escrever requer muita coragem!

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio extremamente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras - quais? Talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no fundo do poço".

in Um Sopro de Vida
Clarice Lispector



sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Graças a Deus...não sou famosa!

Uma crônica muito mas, muito doida!
Deus me desculpe a blasfêmia, de colocar seu santo nome em vão mas, graças a ele não sou famosa.

Tem gente que persegue a fama a todo custo e faz disso uma meta de vida, enquanto outros nascem com a estrela já predestinada ao sucesso. Neste caso não há como questionar o inquestionável, o tal "destino", se é mesmo que ele existe (entraria aqui a discussão sobre livre-arbítrio), e toda áurea de mistério que o ronda.      

E já dizia minha boa e velha mãe (Freud explicaria a figura materna tão presente em minha vida) "o mundo precisa dos ricos e dos pobres, é necessário ser assim para se obter equilíbrio" e seguindo essa linha de raciocínio é fácil supor que existem os famosos e os anônimos. E isso me faz lembrar das palavras de uma ex-chefe "tem gente que nasceu para mandar (no caso ela) e outras para executar (no caso eu)" e tirando o tom áspero e autoritário, ao pensar friamente sem a carga emocional de sua verbalização concluo: o pensamento foi sábio! É assim que o mundo é e é assim que tem que ser.

Enquanto faço o esboço deste texto, me encontro sentada em minha cama com uma almofada no colo que me dá o apoio necessário para o meu velho caderno. Meu cabelo preso em um cóqui malfeito, uma calça larga de moletom e uma blusa de lã complementam meu visual, nada de sofisticado! Apenas uma veste confortável. Meu rosto, livre de recursos que disfarçam de forma momentânea imperfeições naturais que me caracterizam como um ser único e marcas que o tempo faz questão de fincar em nossa expressão.

Com a janela e cortina aberta, o sol reluzente e quente, me aquece na tarde de inverno e uma sensação sublime me invade. Sim, este pequeno e simples cenário me trás uma alegria imensa. E me pergunto: se fosse famosa, poderia desfrutar com tranquilidade este momento? Eu, sentada, cama, escancarada, largada, tranquila e feliz, sem nenhum paparazzi pendurado em minha janela ou escondido no telhado de algum vizinho, ou no meu próprio quintal à espreita, à espera do momento perfeito, para o clique.

Na segunda cena, o clique foi feito, a margem de lucro do fotógrafo garantida, e no dia seguinte a foto estampada nas principais revistas de fofoca e celebridades. O clique do ano, e eu crua, despida de qualquer artifício.

E só de pensar nisso tudo me dá pânico, pavor, claustrofobia, desespero e vontade de gritar.

E se em questão de segundos essa situação se propagasse nas redes sociais e se digitasse meu nome em um buscador e as três primeiras páginas fossem matérias sobre esse fato, e se meus amigos virtuais e não virtuais,  gravassem minhas fotos: família, praia, danceteria, no churrasco, daquele lance, e vendessem, sim as vezes o lucro é a todo custo, para as revistas?

E se começassem a vasculhar tudo que postei na internet e descobrissem que troquei o "c" pelo "s", que quando me atrevi a falar sobre política, errei a sigla do partido, e se a Associação Protetora dos Animais caísse matando em cima de mim porque dei uma chinelada no meu cão, por ele mijar e latir excessivamente (a situação aconteceu no dia que recebi minha vizinha em casa), e o Ibama me multasse porque cortei do meu quintal, porque atrapalhava a construção de uma coluna, a Caesalpinia Equinata (conhecida popularmente como Pau Brasil) em extinção? E na saída daquele restaurante, quando sorri e o fotógrafo me pegou com uma salsinha no dente ou quando me clicaram bem na hora que eu torcia o nariz devido ao cheiro daquele mendigo, embora compadecida com sua vida, que passou por mim fedendo a xixi?

E por esses e outros deslizes meu nome perpetuasse durante meses em destaque?

Aí ligo a televisão e vejo equipes de especialistas (psicólogo, padre, advogado, diretor de ONG, educador), reunidos na tentativa de desvendar, junto com o apresentador, o porque do meu comportamento, o porque da minha mente doentia. Virei um demônio nacional! Famosa, talentosa, no auge, no topo mas, possuída por uma entidade maléfica não definida.

Desnorteada com tanta exposição resolvo ir a uma balada. Triste, acabada, tomo "umas" para esquecer mas, bebo além, da conta, me empolgo na pista de dança com movimentos estranhos, com a maquiagem escorrendo e o cabelo bagunçado, e de pilequinho, sou pega com a boca meio torta, um olho aberto e outro fechado e pronto. A merda tá feita! De novo eu, em destaque, nos noticiários. Só que dessa vez aparecem testemunhas que afirmam que me viram diversas vezes em bocas de fumo, ao lado de traficantes, comprando todos os tipos de drogas ilícitas. Pronto! Virei uma viciada!

Famosa, talentosa, no auge, no topo, possuída, demoníaca e drogada, o que mais me falta acontecer?

Como penso no próximo, e isso é hábito, resolvo fazer mais uma de minhas muitas boas ações, afinal sou rica e embora sem privacidade e com tantos problemas, dinheiro para mim brota como água na nascente! E resolvo doar 1 milhão para uma instituição de caridade mas, o ato toma uma proporção gigantesca que vem acompanhado de um calvário de críticas. O que fiz foi marketing pessoal e social, a forma mais barata e inteligente de me promover. Se me preocupasse de verdade com os menos favorecidos, dispensaria meu carro mega importado, não  moraria em minha mansão de três andares, não desfrutaria da minha coleção interminável de perfumes importados, meu closet não seria gigante e repleto de roupas de grifes e me isentaria de ir pelo menos, 10 vezes ao ano para o exterior.

Acabo de perder minha identidade e já não sei quem sou! Minhas referências se perderam, junto com a fama. Fui recriada, com uma nova personagem que criaram especialmente para mim, e alcancei o patamar de mito!

E a filosofia define o "mito" mais ou menos assim "algo limitado, impossível tirar dele alguma conclusão". E me pergunto se os "mitos", não os da Grécia Antiga mas, da atualidade como Michael Jackson e Amy Winehouse foram felizes?

Me refiro como mito, nem no sentido de endeusá-los tampouco vitimá-los. Entraram ambos na história pois, foram grandes ícones da música e coincidentemente tiveram vidas reviradas pela exposição excessiva. Amy e Michael sem isentá-los das respectivas parcelas de culpa, eram pessoas visivelmente polêmicas e problemáticas. A fama  no caso deles, teve um preço muito alto. Mais pagaram por ela, do que desfrutaram de sua glória.

No caso à mídia, não é vilã. Somos nós, os vilões, consumidores ávidos da desgraça alheia. Enquanto houver público, há espetáculo. O show não pode parar!

E enquanto finalizo o esboço deste texto, aos poucos o sol se despedi e uma sensação sublime me invade. Sim, este pequeno e simples cenário me dá uma alegria imensa.

E Deus me desculpe a blasfêmia, de colocar seu santo nome em vão mas, graças a ele não sou famosa!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O cinema e um pouco de sua história...

Antigamente, nos bailes de carnaval, era comum encontrar várias "Carmens Miranda", que com cestas de frutas na cabeça desfilavam ao som de "O que é que a baiana tem?". Andando pela Ladeira Porto Geral, no centro da cidade, entrei por curiosidade em uma loja que vende fantasias e adornos carnavalescos.
Fiquei espantada!!! Quanto brilho, quanto glamour...
Roupas de diabinha, enfermeira, bruxa, Pedrita, vampira e até Tiazinha e Feiticeira. Pedi à vendedora: -Quero uma roupa de Carmen Miranda!
-Não temos esse estilo. Acho que nem fabricam mais.
Pensei: -A sociedade já esqueceu uma das personagens mais importantes das Chanchadas?
Ao conversar com uns amigos, comentamos sobre a importância de Carmen Miranda na história cultural brasileira e isso foi motivo de discussão na roda...
Um dizia: -Foi Carmen Miranda que representou o Brasil no exterior, através das Chanchadas e graças a ela, hoje temos reconhecimento mundial. O outro retrucava: -É óbvio que não, o momento mais importante foi o Cinema Mudo. Lembra das atuações de Grande Otelo e do eterno Charles Chaplin?
O terceiro argumentava: 
-Que isso minha gente, vocês falam cada absurdo! O Cinema Novo é a fase mais importante do cinema brasileiro. Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, foram eles os precursores dessa fase. 
Não me envolvi naquele dilema, ultimamente fujo de qualquer polêmica, e comecei a relembrar a época do colégio, quando assistia filmes do Charles Chaplin. Que interpretação perfeita! Arrancava gargalhadas da platéia em "Tempos Modernos", o homem operário que criticava a modernidade desenfreada. Tenho certeza que as crianças de hoje, nem ao mesmo sabem, quem foi Carlitos. Ah...também lembrei do personagem Zé do Caixão interpretado por José Mojica Marins.
"A Meia Noite Levarei sua Alma", trash, unhas compridas, capa preta, chapéu e uma voz teatral bem característico de seu personagem. Mas, tenho que admitir que Glauber Rocha, com sua estética da fome, conseguiu registrar uma das heranças mais valiosas para o cinema. 
Um amigo cineasta me disse: - Ninguém até agora fez filmes tão perfeitos como Glauber.
Será? Acho que ele foi muito importante, mas, o estilo é tão monótono. Dá sono assistir!!!
Enfurecido quase me matou! -Como você se atreve a falar uma coisa dessas? Desculpe, é minha opinião! 
Me arrependi de ter aberto a boca e o sermão de quase duas horas, rolou solto "o Cinema Novo foi o movimento mais importante, se não fosse o Glauber não veríamos a ascensão do cinema no Brasil...ele tinha uma câmera na mão e uma ideia na cabeça...
Sem desprezar seu trabalho porém, a linguagem do cinema, enredo, fotografia, tiveram mudanças drásticas de uns tempos pra cá, e hoje, os filmes obviamente, são meio parados para o momento que vivemos. Mas, o avanço do cinema, nós brasileiros, devemos agradecer a Glauber.
As projeções cinematográficas passaram por várias fases, e cada uma, dentro do seu tempo teve o reconhecimento que deveria ter tido. E lembramos com saudades, e com orgulho patriota, aqueles que foram e continuam sendo, parte da nossa memória. Vamos celebrar, num ritmo carnavalesco, Charles Chaplin de paletó, chapéu e bigodinho, relembrar Carmen Miranda que mostrava em suas vestimentas, todo o clima tropical, homenagear Glauber com fantasias do nordeste, mostrando ao mundo, que o Cinema Novo  continua sendo o retrato fiel da história do país.

Mais uma tentativa de crônica...como diz o dito popular "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura"...vou tentando, no gerúndio mesmo, uma hora chego lá... 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Adorada infância...

Nasci em 1978, e uma época que criança ainda tinha infância. A malícia que se perde hoje em dia, por volta dos 10 anos, naqueles áureos tempos nem existia, ou se existia era algo bem camuflado pelos adultos.
A criança tinha seu mundo à parte e não participava do mundo em que só pessoas grandes habitavam. Ainda lembro a frase e sem nenhum esforço consigo sentir,  a dorzinha aguda, dos muitos cascudos que tomei na cabeça ao ultrapassar a barreira imposta pela minha mãe "isso é conversa de adulto! Vá brincar!". Quando minha presença era inevitável, eles, os adultos, só falavam em códigos e eu fazia um esforço tremendo para desvendar e o pouco, que meu raciocínio infantil captava era rapidamente transformado em uma cena teatral. Eu, olhos baixos, observando qualquer coisa que tinha na minha frente e com cara de paisagem. Ela jamais poderia desconfiar que tinha entendido trechos de sua conversa, se não a cinta comia no lombo.
Opinar então, fora de cogitação! Era um tapão na boca!
Dois mundos distintos e uma barreira intransponível no meio!
No meu baú de recordações, nos anos dourados de minha infância, o mundo também era diferente. A sociedade não era dividida, como é hoje, por classes A,B, C ou D. Existiam os bem de vida, os pobres e a tal "classe média", que tanto se fala hoje, era minoria. Essa invasão de produtos chineses, dito importados, nem circulavam por aqui. Ou era o original, com todas as taxas de impostos embutidas no preço, ou sem chance, passava vontade mesmo!
Uma das principais fabricantes de brinquedos do mercado era a "Estrela", se não a única. Embora sem muitas condições, em datas comemorativas, nunca me faltou um brinquedo novo, graças a insistência da minha mãe, que nunca deixou passar em branco. 
Atribuo muito da minha infância feliz à minha tia madrinha, vendedora por muitos anos na Estrela. Presenteava todas as crianças da família, não com roupas, nem sapatos pois, toda criança que se preze odeia ganhar esses itens de presente e sim com brinquedos, muitos brinquedos.
Sou da época do Atari, da boneca Bem-me-quer, do Fofão, do Pogobol, do patins de quatro rodas, do Bozo na televisão, da Xuxa abrindo seu programa diário com o hit "quem quer pão, quem quer pão, que tá quentim, tá quentim...", da bicicleta herdada da irmã mais velha (é sina de segunda filha ficar com sobras). Com todo privilégio de uma infância de classe média, sem necessariamente pertencer a esta classe, fui criança e pude conhecer a rua e toda diversão que ela reserva.
Pular amarelinha, jogar saquinhos de areia, bater figurinhas, corre-corre, esconde-esconde, pular corda, fazer comidinha com terra, pedra e capim, bouquet com flores que nasciam no mato, construir cama, mesa, e armário com ripas de madeira, ou com amigos, uma máquina do tempo com lâmpada velha, parafusos, fios elétricos e tantas outras parafernálias que minha memória não permite resgatar com tanta exatidão, e o carrinho de rolimã? Sentar, pegar impulso, controlar com os pés e dar cavalinho de pau em alta velocidade, era adrenalina pura. Sem contar que apanhava um bocado do meu pai, toda vez que era pega em cima de um, inadmissível em sua opinião, para uma menina.
À noite era para contar estrelas, sem apontar o dedo é claro, se não nascia verruga. Sim, no meu tempo o ar era puro, não tinha tanta poluição e elas, as estrelas, podiam ser vistas a olho nu, e temas como meio ambiente, efeito estufa, não era uma preocupação constante. O dia, parte dele, reservava para observar os muitos desenhos que se formavam nas nuvens: elefante, anjo, panela, carneiro, coração, monstro e ali, deitada no chão, as horas passavam.
A infância de hoje evoluiu, ou para muitos regrediu, mulheres cada vez mais presentes no mercado de trabalho, violência, excesso populacional, mães solteiras, casamentos fracassados, ou simplesmente porque nossa espécie progrediu, e como em um processo natural, precisou se reinventar para acompanhar as mudanças e assim conviver de forma harmoniosa na sociedade. Tudo isso ou mais, tornou a fase mais bonita da vida, um verdadeiro cárcere tecnológico.
Até a alfabetização está em vias de sofrer "avanços", afinal é ultrapassado o aprendizado do be-a-bá com letra cursiva. Não duvido que em um futuro não muito distante, lápis, borracha, caderno, sejam itens em extinção, assim, como a lista de material escolar, tendo como substituto apenas um notebook.
Aos 33 anos, me considero privilegiada. Vivi a transição de uma infância inocente, popular, quase artesanal, em que apenas a criatividade era um convite à diversão, para uma infância tecnológica, eletrônica, que exige raciocínio, mas, que não precisa ser criada porque já vem pronta. 
De que geração sou? X,Y,Z,XY, Alfa? Eu não sou, eu vivi de forma intensa as gerações anos 70, 80, 90 e viverei tantas outras que vier pela frente.
E resgato memórias nostálgicas, antes que minha Random Access Memory (leia-se memória RAM) comece a dar pane com o passar dos anos.  

O que acabo de escrever é uma tentativa de crônica, portanto, os personagens e situações não necessariamente são reais. Talvez nem eu, autora do texto, seja real!

sábado, 23 de julho de 2011

Grita Giovanni, grita!!!

Parado no ponto de ônibus, a espera de um carro adaptado, sim pois, nem todos são, essa é rotina que lhe assegura o direito de ir e vir.
Cadeirante há 10 anos, sua mobilidade física ocorreu de forma gradativa e talvez por isso, parte da limitação imposta pela vida, não o tenha transformado em um indivíduo amargurado. Antes da cadeira ser seu principal meio de locomoção, um par de muletas sustentavam seu corpo na superação de tantos obstáculos diários.
Dentro do ônibus, já devidamente preso ao cinto de segurança, apesar do dia frio, o suor escorria de sua testa e uma tosse intermitente denunciava a fragilidade de sua saúde. Me aproximo e pergunto se está tudo bem. Gentilmente sorri, agradece e põe a culpa em uma gripe mal curada. Nos dias seguintes, o peito cheio e a sudorese, não cessam.
Farrista, bom vocabulário, fala de futebol, economia e política com desenvoltura e arranca risos alheios facilmente. Eu penso...grita Giovanni, grita! Extravasa sua revolta, porque lhe roubaram os movimentos da perna? Reclame, esbraveje, chore Giovanni! Mas, ele ri e diz ser o único culpado daquela situação, por ter teimado e tomado refrigerante gelado.
Trabalha das 08h as 18h, seu percurso diário incluí 3 conduções na ida e 3 na volta, o trem ele dispensa, além, de achar lotado quer evitar aborrecimentos para outros passageiros. Já ouviu reclamação do tipo "cadeirante deve evitar sair de casa em horário de pico. E ele ri. Vai falar isso para o meu patrão"!!!
A força que as pernas não têm foram transferidas para as mãos ágeis, que giram com uma velocidade impressionante as rodas. Dificilmente aceita que empurrem sua cadeira, não por falta de humildade, e sim porque consegue ser mais rápido do que meus passos.
Embora parcialmente limitado, todos os outros sentidos foram desenvolvidos. Com olhos de águia, tornou-se um grande estrategista, calcula rapidamente e de forma antecipada, o trajeto que terá que percorrer para andar com sua cadeira em locais onde falta acesso. Buracos há muito, deixaram de ser empecilhos "10 anos em cima de uma cadeira, dá para aprender alguma coisa né"? A motorizada além, de cara é frágil para sua rotina e estilo de vida.
Mora sozinho, se vira bem, apesar de não ter uma casa adaptada. Não sei seu passado, também não me acho no direito de perguntar, se tem filhos, se já foi casado ou se possui parentes próximos que lhe auxiliam assim, como não faço ideia do que se passa em seu íntimo, nos momentos em que está só.
E penso...grita Giovanni! Xingue, desabafe, reclame, você pode! E quanto mais penso...mais ele ri! Um riso contagiante!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ricky Vallen....

Do show de calouros para o mundo
Foram anos de estrada, rumo ao sucesso, mas, o reconhecimento do grande público aconteceu através do Programa Raul Gil, produzido na época pela TV Record.

Com uma carreira já estruturada e indicação de peso na maior premiação de música do mundo, como “cantor revelação” ao Gramy Latino no ano de 2007, sua voz pode ser ouvida em diversas rádios brasileiras. Seu mais recente sucesso “Sei Lá!”, faz parte da trilha sonora da novela Ti Ti Ti. Este é Ricky Vallen, que despontou em 2004 após, vencer o concurso de calouros “Quem sabe canta, quem não sabe dança” e desde então, tem construído sua trajetória musical.
Dono de uma habilidade vocal considerada rara, já que consegue atingir tons agudos e graves com afinação extrema e com um timbre cuja sonoridade é muito peculiar, seu nome já é confirmado na primeira edição do “Brazilian Day Portugal 2011”, que acontecerá no dia 15 de maio, um dos principais eventos musicais, em prol da comunidade de brasileiros no exterior, que surgiu em 1984 em Nova York e hoje é realizado em Miami, Toronto, Tóquio, Luanda e Londres. Após, essa apresentação estará em turnê, por sete países da Europa.
Ricky Vallen não apenas canta. Considerado pela crítica um ótimo intérprete, simplesmente se transforma quando está no palco. Sua linguagem corporal e poder emocional têm alto teor dramático, o que para muitos soa exagero, é o que define sua personalidade artística. Seu estilo talvez seja fruto, de sua paixão pelas artes cênicas. Em início de carreira se apresentou em diversos espetáculos teatrais, hoje, no entanto, quer seguir apenas a carreira musical “adoro teatro como espectador, não pretendo voltar a atuar” garante.

“Música: Indispensável na vida. Veio do céu”

Já são dois álbuns lançados. O mais recente em 2009, CD e DVD “Ricky Vallen ao Vivo”, interpreta grandes nomes da música como “Disparada” de Geraldo Vandré, “Paciência” de Lenine e “Maria, Maria” de Milton Nascimento e teve como padrinhos a dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano e um contrato firmado com a Sony Music. Já o CD “Homenagens”, lhe rendeu um disco de ouro e por meses, figurou como o segundo mais vendido.
Ricky Vallen revelou que já está compondo músicas para a trilha sonora de duas próximas novelas, outras quatro de suas canções já emplacaram em folhetins televisivos. 
Quando perguntado sobre previsões de lançamento de um CD 100% autoral é taxativo “estou gravando e quando ficar pronto vocês saberão. Quando chegar a hora! Não gosto de falar sobre projetos pois, podem mudar, findar e crescer”.
Parece que Vallen já estava predestinado ao sucesso, no entanto, acredita que o fator sorte, aliados a dedicação e perseverança foram importantes em sua caminhada. Nunca cursou aulas para aprimorar técnicas, nasceu com o dom de cantar e desde os nove anos se apresentava em bares e restaurantes de Volta Redonda/RJ, sua cidade natal.
E como será de praxe, afinal a entrevista foi concedida ao “Olho Musical”, um agregador de contatos do mercado fonográfico, pedi um conselho para os que almejam o estrelato “o segredo do sucesso não existe, a trajetória nem sempre é fácil, e é uma soma de fatores, talento não basta! É preciso ter bons contatos, obviamente um bom empresário, estratégia e marketing. É bem complexo”, e complementa “não existe um caminho exato, uma fórmula para isso, o que existe é força de vontade” finaliza o cantor.


sábado, 29 de janeiro de 2011

Eu li e indico..."A Outra - a amante do homem casado"


A “outra” também conhecida como “amante”, não tem identidade própria. Um vocabulário com os mais variados pejorativos (vaca, galinha, prostituta, destruidora de lares), é utilizado em referência a elas, que são as vilãs de relacionamentos sólidos e formais. A maioria vive na clandestinidade, pois, não podem aparecer publicamente nem participar de uma vida social junto aos seus parceiros.

Quem são essas personagens? Em seu livro “A Outra – a amante do homem casado”, a autora Miriam Goldenberg, também antropóloga e socióloga, traça um perfil psicológico após, uma pesquisa com oito mulheres, que tiveram experiências passageiras ou ainda vivem longos relacionamentos ocultos.

O objetivo da obra, livre de pré-julgamentos, em nenhuma passagem tenta justificar ou vitimizar a posição dessas mulheres e sim entrar em seu universo e entender o que sentem, esperam, almejam e como a família se comporta diante dessas uniões, livres de qualquer tipo de garantia e reconhecimento.

Os relatos nem sempre fiéis, em muitos momentos contraditórios, mostram mulheres que estão longe se serem alienadas, a maioria bem colocadas no mercado de trabalho, independentes financeiramente, decididas e que estão envolvidas com homens casados apenas pelo sentimento que nutrem a eles e não pela segurança material, já que esses envolvimentos não lhe oferecem nenhuma recompensa.

As entrevistadas pertencem a faixas etárias diferenciadas e percebe-se claramente que as muito jovens encaram como uma aventura, sendo mais fácil se desvencilharem do compromisso a qualquer momento. Não desejam permanecer numa relação, sem muito futuro, para o resto da vida.

O outro grupo nutre a ilusão de que seus parceiros, em algum momento, irão desistir de seus casamentos e formar uma família com elas.

Já as que se encontram em idade madura, cujos relacionamentos extraconjugais estão consolidados, não há nenhum rastro de esperança. O “anos” como amante apagou qualquer tipo de expectativa. Apenas se contentam em ter um parceiro estável, porém, esporádico.

É comprovado que existem mais mulheres do que homens, além, disso a expectativa de vida deles é menor. A mulher que chega solteira na faixa dos 40 anos tem mais dificuldade em encontrar um amor e formar uma família nos moldes tradicionais, já que eles podem e hoje em dia optam, pelas mais jovens. 
Portanto, ser a “outra” neste caso, funciona para preencher uma lacuna sentimental.

Para suprir essas carências, se contentam em ser coadjuvantes em papéis secundários, tendo ao seu lado um “meio homem”, é perceptível que todas se apóiam no quesito “sexo” acreditando que são elas as responsáveis em proporcionar na cama, prazer e satisfação.

Já eles nem sempre demonstram descontentamento em relação as suas verdadeiras esposas, alguns reclamam do desgaste natural que ocorre entre casais, ou atribuem aos filhos a falta de coragem de romperem com seus casamentos mas, deixar um “fio de esperança” de que um dia talvez isso venha a acontecer é muito comum, afinal é uma forma de fomentar uma ilusão. Poucos são os que assumem que a bigamia é por opção.

Dentro da categoria “amante”, existem aquelas que só se relacionam com homens comprometidos, algumas por interesse financeiro. Neste caso, não se vêem obrigadas ao cumprimento de obrigações rotineiras, que envolve desde a resolução de problemas até tarefas domésticas, neste caso apenas administram e absorvem o lado bom da intimidade, que se resume a uma convivência curta, poucas horas e apenas alguns dias da semana, mas, com qualidade garantida de ter um homem que chega com excelente humor, te leva para a diversão, te presenteia e lhe oferece sexo de qualidade.

Vale à pena conferir “A Outra – a amante do homem casado”...eu li e indico!