Casos de suicídio não são muito abordados pelos veículos de comunicação pois, muitos consideram uma decisão ética para não incentivar tal ação. Porém, o tema deveria ser mais discutido afinal, existe ajuda especializada de prevenção.
Até 2020 aproximadamente 1,53 milhões de pessoas morrerão por suicídio no mundo, é o que aponta uma pesquisa da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Desemprego, solidão, perdas recentes, conflitos afetivos, dependência química, vida familiar conturbada, impulsividade, agressividade, humor instável, doenças físicas ou mentais (esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão), são fatores considerados altamente de risco.
Entre os anos de 1994 e 2004 (dados da OMS), a média foi de 4,5% casos para cada 100 mil habitantes. O Brasil ocupa o 9º lugar no ranking de países com o maior índice de suicidas do mundo, em 2004 foram 7.987 óbitos.
Na tentativa de reduzir esses números, já que é um sério problema de saúde pública, foi elaborado, desde 2006, o manual de “Estratégias Nacionais de Prevenção ao Suicídio”, direcionado aos profissionais de saúde mental. O objetivo é qualificar as equipes de saúde, para que eles consigam detectar de forma precoce, a intenção do paciente, e direcioná-lo ao tratamento apropriado (as tentativas de suicídio são pelos menos, dez vezes maiores que o ato consumado).
A cartilha foi criada em parceria com o Ministério da Saúde Brasil (Universidade Estadual de Campinas), Organização Pan-Americana de Saúde e o Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
O leva uma pessoa a pôr fim à própria vida?
A polícia ainda investiga a possibilidade de suicídio, porém, ao que tudo indica essa foi à causa que levou Leila Lopes à morte. Na suposta carta deixada por ela e divulgada pela imprensa, é nítido, mesmo para os mais leigos, que a atriz apresentava um quadro depressivo.
Nem sempre é fácil identificar os sinais, porém, eles não podem ser ignorados. Os mais comuns são tentativas anteriores, idéias faladas abertamente, preparação de cartas ou testamentos, luto ou perda de alguém próximo, histórico de suicídio na família, pessimismo e falta de esperança.
Uma das formas de precaução é acabar com a dor psíquica, em muitos casos só é possível com aconselhamento de um psicólogo ou até mesmo com auxílio de medicamentos receitados por um psiquiatra. O objetivo é apoiar emocionalmente para que a pessoa perceba uma outra maneira de ver o problema, e recupere o desejo pela vida.
A CVV – Centro de Valorização da Vida desenvolve um trabalho, há 49 anos, de aconselhamento e prevenção. São 41 postos de atendimento com aproximadamente 2000 voluntários disponíveis 24 horas por dia através do telefone, e-mail ou pessoalmente.
O Hospital das Clínicas hoje é considerado referência no atendimento a pacientes que apresentam algum tipo de transtorno mental. O Instituto de Psiquiatria atende as seguintes modalidades: déficit de atenção, ansiedade, bulimia e transtornos alimentares, transtornos afetivos na infância e adolescência, doenças afetivas, obesidade, entre outros.
Quem tiver interesse em procurar auxílio também pode recorrer às faculdades, muitas disponibilizam equipes médicas que prestam esse tipo de serviço, de forma gratuita.
Suicídio e seu registro na história
Homens-bomba
O mundo parou estarrecido, no atentado terrorista de 11 de setembro de 2001. Aviões comerciais seqüestrados por homens-bomba, ligados à organização fundamentalista islâmica Al-Qaeda, colidem contra o World Trade Center e ao Pentágono nos E.U.A levando à morte aproximadamente 3278 pessoas. Doutrinados ainda em fase escolar, os jovens são estimulados a morrer pela pátria, que eles intitulam como "ato de fé".
Kamikazes e o alto índice de suicídio no Japão
Já o Japão, conhecido por ser um dos líderes no ranking de suicídios, com uma média de 25 mortes por 100 mil habitantes (segundo dados da OMS), tem um histórico antigo que envolve o tema.Pilotos Kamikazes, na II Guerra Mundial, lançavam seus aviões caças contra navios americanos. Existem versões divergentes, que desmitificam o glamour dessas missões. Alguns estudiosos, não apontam esses grupos como suicidas em potencial, pois, com chances mínimas de sobrevivência (feridos e com aviões já em péssimo estado) optavam por uma morte mais rápida e eficaz. Tudo em nome da pátria, e em prol da não invasão da Ilha do Japão, porém, era uma escolha e não um ato imposto.
Endeusados até hoje e transformados em mito, os pilotos sobreviventes desenvolveram um complexo de culpa, por terem saídos ilesos do combate, e muitos cometeram o suicídio após, a guerra.
Atualmente os índices permanecem alto no país. Acredita-se que isso já faz parte da cultura, a sociedade japonesa prima pelo prestígio social, valores, vingança, salvação do nome e da família, portanto, tirar a própria vida pode ser visto como algo honroso. Além do mais, a população é conhecida pela inteligência e os pais são rigorosos, quanto à educação dos filhos. Os jovens que não apresentam desempenho escolar satisfatório, muitos procuram o suicídio, como forma de não envergonhar a família.
Tipos de suicídio existentes no Japão
- Hara-kiri (tipo de suicídio comum entre samurais)
- Shinjyuu (tipo de suicídio cometido entre pessoas íntimas)
- boshi-shinjyu (suicídio de mãe e filho/a)
- ikka-shinjyu (suicídio de toda família em todas as classes sociais)
Suicídio coletivo
O massacre de Jonestown ficou marcado mundialmente, como um dos maiores suicídios coletivos da história.
Aproximadamente 900 pessoas (entre elas mais de 270 crianças) beberam cianureto misturado ao suco. Seguidores que se recusaram, foram executados a tiros ou com injeções letais.
Isso aconteceu em 1978. A seita fundada com o nome de Templo dos Povos (Peoples Temple) conduzido pelo líder religioso Jim Jones (encontrado morte no mesmo dia, com um tiro na cabeça) numa comunidade agrícola rural em Guiana.
Órgãos de orientação e aconselhamento psicológico
Considerado um ato impulsivo, portanto, transitório. É importante ressaltar que muitas pessoas sofrem e sentem dificuldades em lidar, em algum momento, com as diversidades da vida. Um aconselhamento adequado continua sendo a melhor forma, de diminuir o risco de um suicídio.
- CVV – Centro de Valorização da Vida
Telefone: (11) 3107-2152 ou pelo e-mail: central@cvv.org.br
- Hospital das Clínicas
- Abrata – Associação Brasileira de Familiares, Amigos, e Portadores de Transtornos Afetivos
- Site Espaço Acadêmico
- Estratégias Nacionais de Prevenção ao Suicídio (OMS)