sábado, 1 de setembro de 2012

Simplesmente um olhar e nada mais...


Olho para a cidade! Estou enclausurada por muros e concretos. Ergo a cabeça, já que só assim é possível ver parte do céu.

Olho para o céu! Em meio a nuvens cinzentas, fruto da poluição que o homem produz na atmosfera, me esforço para enxergar o tom original, de um azul límpido e livre de máquinas que voam ao transportar pessoas de um lado ao outro pelos quatro cantos do mundo.

Olho para a rua! É um caos! O cheiro de fumaça que saem dos escapamentos se mesclam com a gasolina queimada e com a fricção da borracha do pneu em contato com o solo. Filas intensas de carros conflitam com os transeuntes e juntos, disputam cada milímetro de um m².

Olho para as pessoas! Todas têm pressa. Andam rápido, solitárias e egoístas, o tempo, é cada vez mais escasso. Observo suas caminhadas! Pulam o mendigo deitado ao chão, sobem na calçada mas, logo desistem de ali transitar. Este espaço é competido também pelo ambulante. Voltam à rua e percorrem o meio fio entre os motoqueiros.

Olho para a rotina! O dia começa assim que desperto da cama. Vejo muitas pessoas apressadas rumo ao trabalho. Se aglutinam nos pontos de ônibus, se impacientam em seus automóveis. 

Olho para o mundo! Em busca de equilíbrio me volto a Deus. Só seu amor é real. Me volto a ele com a mesma intensidade que ele se volta a mim. O mais sublime, puro e verdadeiro amor. Me retiro do caos da vida e encontro Deus através de sua criação, a natureza. Esta sim é perfeita! Me cerquei de cimento e concreto em busca de minha própria evolução, enquanto sociedade, enquanto espécie. Porém, somente através de Deus representado pela própria natureza, que me alimento da verdadeira paz de espírito e felicidade.

Olho para o seres vivos e inanimados! E racionalizo tudo o que acabo de observar. Se contemplo a realidade, se busco o conhecimento puro e filosófico para visualizar e solucionar os problemas da vida, acabo de invocar Baruch Spinoza em sua essência e entrar em contato com o meu eu verdadeiro.

A água que corre pela nascente, a árvore frondosa que dá belos frutos, o verde que exala o cheiro do mato molhado, a terra vermelha que semeia o alimento e tinge meu andar, o vai e vem infinito das ondas do mar de líquida salmoura, a chuva que cai do céu!

Olho para o início da ação! Mais uma vez racionalizo o pensamento. Como homem destrui parte da natureza para fugir da condição de bárbaro. Em seu lugar, ergui muros, concretos e asfaltos e me distanciei da criação esplêndida de Deus e do próprio Deus. Se da natureza de Deus procede o mundo das coisas, retrocedo ao início de tudo e me volto a ela, a própria natureza, como forma de preencher um vazio existencial e buscar a comunhão para com Deus. 

Olho para o final! Como em um processo cíclico, da natureza vim e para a natureza retorno. Do pó vim e ao pó retornarei, diz um versículo biblíco.

Texto de autoria própria criado a partir, do ensinamento racionalista do filósofo Baruch Spinoza.   

2 comentários:

  1. Essa frase é a frase "Olhar a ação e destruir-se na condição da razão".
    Arthur Schopenhauer adoraria essa conversa.
    Lindo d+. Luz, beijokas, Alcina Molina

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    1. Galgarei muitos dos diversos degraus da vida, do conhecimento e da sabedoria para que sabe um dia, chegar ao topo de sua escala evolutiva. O que posso dizer professora Alcina Molina? Muito obrigada por tudo!!! Gratificante ter sido sua aluna na pós.
      Perpetuarei seu nome. Minha mestre!!!

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